Já contei que fui confundida com uma terrorista nos Estados Unidos? 

Pois é, eu fui. O que achei uma afronta, afinal não acho que tenho cara de terrorista (embora a foto do meu visto tenha forte potencial de enganação). Não que gente má tenha cara, volto atrás dizendo - meu pai certa vez foi assaltado por um mané de terno e gravata, e nem politico ele era, vejam só.

Foi em 2014, quando meu marido teve de ir para os states fazer um treinamento pela empresa que trabalhava na época, e eu de enxerida fui junto. Enquanto ele trabalhava, eu batia perna na cidade inteira, até fiquei amiga dos comerciantes locais (mais tarde quando voltei descobri que a cidade em que ficamos era uma das mais violentas do estado, mas tudo bem, sobrevivi pra contar). Um dia, caminhando como de costume entrei em uma rua totalmente cara de sonho americano. Era outubro, mês do halloween, e como eles levam essa época muito a sério todas as casas estavam enfeitadas no melhor estilo Abracadabra de ser. Eu imediatamente ativei a função pobreza que habita meu ser e comecei a fotografar tudo. Imagina mostrar as fotos pros amiguinho e dizer "nossa, é realmente igualzinho vemos nos filmes!". Não ia perder essa, me desculpem.

Enquanto bancava a fotógrafa de abóboras uma moradora parou de carro ao meu lado com a cara bem séria, beirando a agressividade, e perguntou por que eu estava tirando fotos ali. Meu inglês era mais capenga do que é hoje, mas acreditem, eu mantive a calma e consegui explicar que era apenas uma turista caipira embasbacada com tudo que estava vendo.

Duas coisas aconteceram naquele momento: a primeira, passei a acreditar no meu instinto de sobrevivência. O medo de ser caçada à la Osama Bin Laden me fez falar o inglês mais impecável de todos (imagina eu na ilha de Lost? Ia arrasar!); a segunda, a mulher mudou totalmente o semblante e abriu um sorrisão sincero, igual criança que ganha elogio, naquele patriotismo americano já conhecido. Não ficamos amigas como aconteceu com os comerciantes, óbvio. Tratei de correr dali o mais rápido que pude, pra nunca mais voltar.

No outro dia, no mercado, me sentindo segura e despreocupada conversando com a minha mais nova bff que trabalhava no caixa a respeito da minha opinião sobre o país dela, não consegui de jeito nenhum lembrar como se falava a palavra acolhedor. 

É, acho que funciono melhor vivendo no perigo.

Bolinho de Berinjela

Crocantes e saborosos, esses bolinhos podem ser fritos ou assados. Sirva com um molhinho acompanhando, fica sensacional.

Ingredientes

1 berinjela cozida, descascada e picada em cubos médios

1 ovo

1/2 xícara de queijo parmesão ralado

1 colher (sopa) de farinha de trigo

Sal e pimenta a gosto

Farinha de rosca até dar liga

Modo de Preparo

Em uma peneira, pressione bem a berinjela já cozida para tirar o excesso de água. Processe até formar uma pasta, mas mantenha alguns pedacinhos. Junte os demais ingredientes (menos a farinha de rosca) e misture bem. Vá adicionando a farinha de rosca aos poucos e misturando, até ficar com uma consistência pegajosa e cremosa (semelhante a bolinho de chuva). Frite às colheradas em óleo bem quente até dourar, escorra em papel absorvente e sirva.